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Transgressão genética

Publicado em 10/02/2016 • Notícias • Português

Na semana passada,a Inglaterra anunciou que vai permitira“edição” de genes humanos em embriões.O procedimento vai ser empregado só para fins de pesquisa e seguindo várias restrições. somente serão utilizados os que seriam descartados e nenhum que for alterado poderá ser implantado para gestação.e todo embrião modificado deverá ser destruído até sete dias depois da alteração.
Uma das técnicas para editar genes chama-se Crispr-Cas9. Trata-se de um dos maiores avanços científicos da história humana, que deverá receber em breve um PrêmioNobel.
Talvez não tenha recebido ainda porque a premiação elege no máximo três pessoas e muito mais gente esteve envolvida na sua criação.
Usando uma analogia, é como se tivessem inventado um “recorta e cola” para o código genético de organismos vivos. Você pode reprogramar os genes de um organismo (inclusive humano) e as mudanças são imediatas e transmissíveis para os descendentes. O potencial é enorme: combate a vários tipos de câncer, desenvolvimento de plantas mais produtivas e alteração de mosquitos como o Aedes aegypti para impedir a transmissão de doenças.
Os mais otimistas falam em retardar ou reverter o envelhecimento.
Os dilemas éticos em torno da técnica são igualmente enormes.O professor de Harvard George Daley,por exemplo, entusiasma-se com o potencial, mas conclama as instituições científicas, sociais e governamentais a regularem de perto o seu uso. seu uso só seria admitido dentro desses círculos controlados.
só que a técnica é relativamente barata e fácil de usar. além de cientistas, não surpreenderia que artistas transgressores e ativistas ligados à ideia de “modificação humana” passassem a fazer experimentos não regulados com ela. se isso soa esotérico, vale lembrar o trabalho de artistas como stellarc, que cultivou uma orelha no próprio braço. Ou o brasileiro eduardo Kac, criador de uma coelha híbrida com genes de água-viva, que é verde e também brilha no escuro.
Outro dilema seria a criação de um mercado negro de acesso à tecnologia, prometendo bebês mais inteligentes, melhorias estéticas e outras quimeras.Ou ainda o surgimento de um“terrorismo genético”, contrário à própria humanidade.
apesar dessas questões tenebrosas,ofato é que a tecnologia existe e vai ser cada vez mais usada. se bem conduzida, os benefícios são enormes.
Isso traz um dilema para países como o Brasil. Participaremos desses debates como agentes? Ou, de novo, seremos só pacientes, consumidores da tecnologia desenvolvida alhures? Iremos enfrentar os debates éticos que afetam toda a humanidade nós mesmos, ou terceirizaremos essas decisões para outros lugares, cabendo-nos o papel de plateia? são desafios que precisam ser enfrentados aqui e agora.É possível sera favor ou contra a nova tecnologia.
só não é possível ignorá-la.

Fonte: Folha de S.Paulo

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