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Vacina de Oxford para Covid-19 é segura e induz resposta imune, indicam resultados preliminares

Publicado em 20/07/2020 • Notícias • Português

Vacina teve o efeito esperado pelos pesquisadores nos primeiros estágios. Terceira fase dos testes está ocorrendo no Brasil. É provável que seja necessário tomar uma segunda dose da vacina.


Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, anunciaram nesta segunda-feira (20) que, de acordo com resultados preliminares, a vacina da universidade para a Covid-19 é segura e induziu resposta imune no corpo dos voluntários. Os resultados, que já eram esperados pelos pesquisadores, se referem às duas primeiras fases de testes da imunização. A terceira fase está ocorrendo no Brasil, entre outros países.


O efeito deve ser reforçado após uma segunda dose da vacina, segundo os cientistas.


Entenda a novidade anunciada:


a vacina de Oxford é a mais adiantada, das que estão em pesquisa, segundo a OMS. Ela está sendo testada também no Brasil

testes iniciais, das fases 1 e 2, realizadas na Inglaterra, agora apontam que ela é segura e induz o corpo a reagir contra a Covid-19; o resultado é o esperado

o resultado não permite ainda concluir se de fato uma pessoa exposta ao Sars-Cov-2 fica imune com a vacina

a fase 3, final, ainda está em andamento e ela é que irá determinar se há eficácia num grande número de pessoas

De acordo com a Unifesp, o imunizante, se tudo der certo, poderá ter o registro liberado em junho de 2021

nesta segunda também saiu o resultado preliminar de testes de uma vacina desenvolvida pela China e a chegada de uma carga de outra vacina chinesa a SP


As fases 1 e 2 dos testes, que foram conduzidas simultaneamente no Reino Unido, tiveram 1.077 voluntários. Os ensaios mostraram que a vacina foi capaz de induzir a resposta imune tanto por anticorpos como por células T até 56 dias depois da administração da dose.


“Exatamente o tipo de resposta imune que esperávamos”, declarou Andrew Pollard, professor de pediatria na Universidade de Oxford.

Os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos: 543 pessoas receberam a vacina experimental, e outras 534 receberam uma vacina de meningite (o grupo controle).


A resposta imune foi medida em laboratório. São necessários mais testes para confirmar se a vacina protege efetivamente a população contra infecções pelo novo coronavírus, explicou Pollard.


Os cientistas ainda não sabem, exatamente, o quanto de resposta imune é necessária para combater a doença, lembrou o cientista.


Foi vista uma resposta por células T (células do sistema imune capazes de identificar e destruir outras células infectadas) 14 dias após a dose. Já os anticorpos, capazes de destruir o próprio vírus, foram identificados 28 dias após a administração da vacina.


Anticorpos neutralizantes podem se conectar ao vírus assim que eles entram no corpo e impedir que infectem as células. As células T não reconhecem o vírus “sozinho”, mas sim células infectadas com ele e destroem as células. “Os dois sistemas funcionam de forma complementar para combater a infecção”, explicou a cientista Sarah Gilbert, de Oxford.


A vacinologista Sarah Gilbert, também de Oxford, explicou que a eficácia da vacina ainda não foi testada em idosos.


Foram divulgadas ainda algumas reações causadas pela vacina. As principais são braço machucado, algum inchaço ao redor da injeção, febre, dores musculares, que são esperadas para vacinas virais. Não houve efeito adverso sério ligado à vacina. “Precisamos de uma amostra maior para determinar completamente a segurança”, explicou Andrew Pollard, sobre a necessidade dos estudos em fase 3.


“A nova vacina usa um vírus do resfriado comum (adenovírus) que infecta chimpanzés, que foi enfraquecido para não causar nenhuma doença em humanos e é geneticamente modificado para codificar a proteína spike (S) do Sars-CoV-2 (aquela que o coronavírus usa para invadir as células humanas). Isso significa que, quando o adenovírus entra nas células das pessoas vacinadas, ele também fornece o código genético da proteína S. Isso faz com que as células dessas pessoas produzam a proteína S, e ajuda a ensinar o sistema imunológico a reconhecer o vírus Sars-CoV-2″, explicou Pollard.


Pesquisa adiantada

A vacina pode estar disponível para alguns grupos de risco no Reino Unido até o fim do ano, mas provavelmente não estará para todos, afirmou Sandy Douglas, de Oxford.


De acordo com Soraia Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o imunizante, se tudo der certo, poderá ter o registro liberado em junho de 2021,


Ao todo, 50 mil pessoas participam dos testes em todo o mundo, 10% delas no Brasil: 2 mil em São Paulo, 2 mil na Bahia e outras 1 mil no Rio de Janeiro. O Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp coordena a aplicação da vacina em São Paulo, que começou em junho com voluntários da área da saúde.


“Com a quantidade de pessoas que estão recebendo a vacina no mundo, é possível que tenhamos resultados promissores no início do ano que vem e o registro em junho”, afirma Soraia Smaili, reitora da Unifesp.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a vacina de Oxford como a mais adiantada no mundo e, também, a mais avançada em termos de desenvolvimento. Um dos centros que testa essa vacina é coordenado por uma brasileira, a cientista Daniela Ferreira, doutora pelo Instituto Butantan.

Roberto Medronho infectologista da UFRJ, em entrevista à Globonews, afirmou que o resultado divulgado nesta segunda era esperado, mas agora foi oficializado.


O acordo com o Brasil permitirá que o país adapte a fábrica de Biomanguinhos para produzir a vacina e disponibilizá-la depois da fase três dos ensaios clínicos.


“O acordo da Fundação Oswaldo Cruz é benéfico para nós. Envolve não apenas os pacientes recrutados para o teste, mas a transferência [de tecnologia]. Há um acordo para reconfigurar a planta da Biomanguinhos para que depois da fase três ela possa ser produzida”, comentou.

A ideia de incluir a população brasileira se dá, também, para testar a eficácia da vacina em um grupo etnicamente mais diverso.


A vacina pode ter resultados de diferentes eficácias, de acordo com cada população. Daí a importância de testar em vários países, afirmou Medronho.


Mais de 160 vacinas contra Covid em testes

De acordo com a OMS, há 163 vacinas sendo testadas contra o coronavírus, sendo que 23 delas estão na fase clínica, que é o teste em humanos. Os números são do balanço da organização com dados até 14 de julho.


O vacinologista de Oxford Adrian Hill explicou que é difícil comparar a efetividade das várias vacinas que estão sendo testadas, porque os parâmetros não são os mesmos. “Gostaríamos de testar as outras vacinas no nosso laboratório”, disse Hill.

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