Brasil ainda gasta pouco com saúde, afirmam especialistas
Publicado em 30/08/2015 • Notícias • Português
“”Diferentemente dos países europeus, que tiveram mais tempo para se adequar, estamos assistindo a um envelhecimento muito rápido da população.”” A transição demográfica, afirmou nesta segunda (31) o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, determina a necessidade da adaptação do sistema de saúde brasileiro, para prevenir e tratar doenças ligadas ao envelhecimento.
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Barbosa participou da primeira mesa do Fórum Tecnologia e Acesso à Saúde, ao lado de José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde e diretor-executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde/Isag, e de Marcos Boscolo, sócio da KPMG e Líder Healthcare, sobre as dificuldades do acesso à saúde e como soluções tecnológicas podem ajudar a superá-las. O debate foi mediado por Cláudia Colucci, repórter especial da Folha.
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Para o diretor da Anvisa, há uma impressão falsa no país de que se gasta o suficiente em saúde. No entanto, disse ele, dos 9,7% dos gastos em saúde em relação ao PIB, apenas 4,7% corresponde ao gasto público.
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“”Nenhum país que tenha um sistema universal de saúde tem um percentual igualmente baixo””. Os países europeus têm um gasto aproximadamente 7, 8 vezes maior por habitante que o Brasil.
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Jorge Araújo/Folhapress
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José Gomes Temporão cita como preocupante para todo o funcionamento do sistema de saúde o estudo divulgado pelo IBGE em 21 de agosto, segundo o qual 60% da população brasileira está acima do peso. “”Estamos nos aproximando velozmente do padrão americano e isso aumenta consideravelmente os custos do sistema””. Para o ex-ministro, falta legislação que ajude a intimidar o consumo de itens que contribuem para esse quadro. “”[O Congresso] É incapaz de regular a propaganda obscena de cerveja e alimentos infantis.””
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Temporão afirma haver confusão entre tecnologias de última geração e assistência médica. O acesso a direitos estaria subordinado a desejos da “”indústria da saúde””.
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Para o ex-ministro, os avanços tecnológicos geralmente beneficiam “”apenas umas casta de cidadãos””. Segundo ele, o Brasil seria uma rara exceção em que a ampliação da tecnologia se deu de forma mais igualitária, graças ao SUS.
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“”Deveríamos estimular o reconhecimento do sistema público de saúde como um patrimônio fundamental para a justiça social e a democracia brasileira, como parte do processo civilizatório e que deve ser fortalecido””.
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SMARTPHONES
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Último a falar, Marcos Boscolo sugeriu que o acesso à tecnologia deve partir do “”empoderamento das pessoas na gestão da saúde””. Isso seria, por exemplo, permitir às pessoas monitorar sua saúde a partir de smartphones e indicadores objetivos. Esses indicadores viriam dos hospitais, que deveriam contar com bancos de dados para mapear o perfil da população e gerir o sistema.
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Boscolo em seguida apontou a desigualdade regional brasileira como um problema grave para o sistema de saúde. Enquanto 44% da população paulista tem um plano de saúde privado, o percentual em alguns estados do Norte e do Nordeste é de 7%. Além do mais, os profissionais da saúde deixam essas regiões para se estabelecer nos grandes centros, criando um problema de falta de mão-de-obra qualificada.
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Para Temporão, “”é inviável um sistema em que as pessoas buscam um especialista sem passar por um generalista””, como ocorre na Inglaterra e no Canadá, países que inspiraram o modelo do SUS.
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“”Ainda não utilizamos adequadamente tecnologias disponíveis há algumas décadas””, disse Barbosa, da Anvisa. Melhorar a formação do profissional de saúde, integrar os serviços e rever parte da regulação do sistema seriam os passos para superar o problema, segundo ele.
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Fonte: Folha de S.Paulo