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Brasileiros foram usados em testes de remédio dos EUA, diz Corregedoria

Publicado em 10/11/2015 • Notícias • Português

A Corregedoria Geral da Administração do Estado de São Paulo e o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) estão investigando médicos que prescreveram o remédio “Juxtapid”, produzido por um laboratório dos Estados Unidos e não aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Há suspeita de que os médicos teriam negociado com o laboratório para testar o medicamento em pacientes brasileiros. As informações são do SPTV.
Nesta segunda-feira (9), policiais civis foram a 14 consultórios em São Paulo, Suzano, São José dos Campos, Campinas, São Bento de Sapucaí, Pindamonhangaba e Lorena. Os prontuários de 33 pacientes foram apreendidos. Essa é mais uma fase da investigação, que começou em 2013.

Davi Tangerino, advogado que representa o laborário no Brasil, negou que a farmacêutica tenha usado brasileiros como cobaias. Ele também disse que não fez nenhum pagamento indevido aos médicos que prescreveram o remédio. Tangerino ainda afirmou que um pedido será feito à Anvisa, com informações adicionais.O número de ações judiciais que pediam a compra do remédio foi um dos fatos que chamou a atenção dos órgãos investigadores. A polícia ouviu alguns dos pacientes que estavam usando o remédio e descobriu que alguns deles não precisavam do tratamento e estavam com efeitos colaterais. Um dos entrevistados disse que, após usar o medicamento, passou a ter tonturas e formigamento no braço.
Para o delegado Fernando Bardi, do DPPC, os médicos envolvidos recebiam orientação do laboratório para prescrever o remédio. “Quase todos eles [pacientes] assinaram documentos e a grande maioria sem saber que se tratavam de procurações judiciais para demandas jurídicas. Eles acreditavam que esse medicamento era fornecido regularmente pelo estado, sem a necessidade de ingressar em juízo”, disse.
A Justiça cassou algumas liminares que pediam a compra do remédio. Em uma dessas decisões, o juiz ressaltou as suspeitas que recaem sobre os recentes pedidos em massa para o medicamento, todos com relatórios médicos similares. Já a Corregedoria do estado diz que deverá acionar o FBI para investigar o laboratório.

“Há uma questão muito maior do que o dinheiro, que é o fato do brasileiro estar sendo usado como cobaia”, disse Ivan Francisco Pereira Agostinho, presidente da Corregedoria Geral da Administração do Estado de São Paulo. “A ideia é se ressarcir para poder destinar esse dinheiro para quem precisa”, completou. Todos os pacientes que foram medicados com o “Juxtapid” deverão realizar exames detalhados. Os médicos responsáveis poderão responder por lesão corporal e periclitação de vida.
Os norte-americanos usam o medicamento para tratar uma doença rara provocada pelo excesso de colesterol no sangue – ela atinge uma pessoa a cada 1 milhão. Apenas um grupo pequeno de doentes usa o remédio nos EUA. No Brasil, um único médico receitou o “Juxtapid” para 18 pacientes – são R$ 4 mil por um único comprimido e R$ 120 mil por um mês de tratamento. A prescrição do medicamento teria provocado um prejuízo de R$ 40 milhões aos cofres públicos.

Fonte: G1

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