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Controle de verbas não justifica erros de gestão

Publicado em 30/06/2016 • Notícias • Português

No fim do ano passado, o sistema de saúde pública do Estado do Rio entrou em colapso. Foi o ato final de uma sinalização, sentida ao longo dos meses anteriores, de que o caos era incontornável. Hospitais e clínicas, principalmente aqueles administrados pelo estado, suspenderam atendimentos ambulatoriais, cirurgias e tratamento de doentes crônicos. Pacientes rejeitados, quadros médicos incompletos, filas à porta das unidades e falta de material para procedimentos, inclusive os de emergência, tornaram-se a ponta mais visível de uma rede de serviços inepta, cujos pacientes são os mais vulneráveis da pirâmide social.

Decorrência invariável desses picos de crise em serviços públicos como saúde e educação, deu-se como diagnóstico sobre o adernamento da rede de assistência médica pública fluminense a falta de verbas para o setor. É o velho mantra pinçado dos manuais do estatismo, independentemente do tamanho do buraco que se pretende cobrir na administração pública. Como consequência do colapso, os hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria, ambos na Zona Oeste do Rio, foram municipalizados, e estão agora sob gestão da prefeitura carioca.

O episódio da municipalização das duas unidades é emblemático da falta de consistência da ideia de que tudo se resolve com mais verbas. Após investimentos iniciais da prefeitura em setores pontuais, os dois hospitais já voltaram a funcionar. Não são ainda exatamente um modelo de prestação de serviços, mas a imagem do caos já não assusta. Em março, a prefeitura entregou as quatro primeiras enfermarias reformadas e climatizadas, duas em cada unidade. Nelas, foram feitas intervenções como revisão das instalações elétricas, reparos no revestimento das paredes, pintura, reforma geral dos banheiros e instalação de aparelhos de ar condicionado. A meta é reformar todas as enfermarias dos dois hospitais.

Foram ações de curto prazo, ainda dentro do quadro de crise econômica e fiscal do estado, que ecoa a debacle em nível federal. Evidências inquestionáveis de que, se são sempre bem-vindas, mais verbas não justificam má gestão. Há espaços para ações de gestão para melhorar os serviços.

O desafio gerencial, em todos os níveis de governo, tende a ser intensificado com a necessidade de um duro ajuste nas contas públicas da União, dos estados e municípios. O desafio gerencial, em todos os níveis de governo, tende a ser intensificado com a necessidade de um duro ajuste nas contas públicas da União, dos estados e municípios. Nesse sentido, a sinalização do governo do presidente interino Michel Temer é positiva, mas precisa passar à realidade: é fundamental estabelecer um teto de gastos governamentais vinculado à inflação do ano anterior.

É crucial rever o sistema de saúde do país, com foco no abandono de vícios e maus hábitos administrativos. A sociedade cobra um fim à era dos gastos públicos ilimitados, em especial os decorrentes de práticas administrativas fracassadas

Fonte: O Globo Online

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