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Hospitais estaduais só atendem paciente que corre risco de vida

Publicado em 04/01/2016 • Notícias • Português

O Hospital Estadual Getúlio Vargas, que vive situação crítica por causa da falta de recursos e limita-se a atender pacientes em situação extremamente grave, com risco de vida, teve ontem o segundo dia seguido de protestos dos servidores. A morte de um paciente na madrugada aumentou a tensão, porque a família reclamava de falta de atendimento adequado, enquanto os servidores diziam ter feito o que podiam.
Os funcionários reclamavam do atraso no pagamento do 13.º salário e das condições precárias de trabalho. No Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio, há enfermarias vazias e andares inteiros sem condições de funcionamento.
Ao anunciar o empréstimo de R$100 milhões da prefeitura para o Estado, o secretário municipal de Coordenação de Governo,Pedro Paulo Carvalho, disse que os recursos serão destinados a dois hospitais da zona oeste porque não há na região unidades capazes de absorver os pacientes que não conseguem atendimento. Com o empréstimo, segundo Pedro Paulo, o Estado poderá “concentrar esforços no Getúlio Vargas”.
Por causa da crise na saúde estadual, informou o secretário, a demanda na rede municipal de hospitais aumentou 30% nos últimos dias. “Tivemos aumento nas transferências (de pacientes), nas (chamadas de) ambulâncias.
Estamos oferecendo medicamentos e insumos para os hospitais, já em ambiente de parceria e de ajuda ao Estado”, disse Pedro Paulo.
“A prefeitura está atenta a toda a rede que possa absorver essa demanda. Não tivemos em nossos hospitais nenhum problema de pacientes nos corredores, abrimos novos leitos, a prefeitura está trabalhando em contingência para ajudar o Estado nesse período de crise, principalmente nesta época do ano”, afirmou o secretário.
No Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna (Duque de Caxias, na Baixada Fluminense), a emergência principal foi fechada com tapumes anteontem. Assim como no Getúlio Vargas, só pacientes gravíssimos são atendidos.
João Vitor Conceição, de 20 anos,lamentou as condições de sua mulher, Maíra da Silva Lessa, que teve bebê no hospital na terça-feira. Segundo o vendedor, sua companheira estava em uma sala aglomerada com outras grávidas, sem assistência, com o filho recém-nascido, sem ar-condicionado. “Disseram que não tem mais leito para as grávidas e ela terá que se recuperar do parto no local. Trouxe um ventilador para amenizar o desconforto,mas nem isso conseguimos botar”, disse Conceição, ao sair da unidade, com o ventilador na mão.
Balanço. Levantamento do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) apontou que 17 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e sete hospitais estaduais estão fechados ou com atendimento precário. Em nota divulgada ontem, o Cremerj listou os maiores problemas enfrentados por médicos e outros profissionais de saúde: “salários atrasados (…), condições precárias, sem insumos básicos e medicamentos, o que afeta o atendimento, (…) falta de pagamento a serviços terceirizados, como limpeza, esterilização, nutrição e manutenção”.
Segundo o conselho, o atendimento de emergência no Hospital Estadual Heloneida Studart (Hospital da Mulher), em São João de Meriti (Baixada Fluminense), foi reduzido porque o estoque de materiais esterilizados permite o atendimento por no máximo três dias. “A ausência de esterilização se dá porque a empresa contratada para o serviço suspendeu suas atividades por estar sem receber há dois meses”, diz a nota. De acordo com o conselho, a preocupação aumenta pelo período de festas de fim de ano.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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