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Hospitais pós-Covid e o impacto financeiro da pandemia

Publicado em 31/10/2022 • Notícias • Português

Estudo da FGV analisou dados de hospitais de todo o Brasil em 2020 e 2021

A pandemia está terminando, e qual é o balanço que fica nos hospitais privados do ponto de vista do desempenho financeiro? Passados dois anos e meio do início da pandemia de Covid-19 no Brasil, os hospitais passaram por diversos momentos desafiadores. A busca por leitos de enfermarias e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pressionou ao limite a estrutura hospitalar; os recursos humanos, por sua vez, também foram exigidos de maneira intensa, sobretudo nos períodos mais críticos da pandemia. Tudo isso impactou as finanças dos hospitais – uma experiência que começa a ser mais bem analisada.

Um estudo realizado na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), colocou uma lupa sobre o tema. O pesquisador Andrizo Morais publicou em 2021 a dissertação de mestrado “Efeitos da pandemia da Covid-19 nos hospitais afiliados à Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP)”, no qual apresenta dados de gestão de hospitais nas cinco regiões brasileiras entre 2020 e 2021.

Entre as principais conclusões, estão as seguintes:

A redução de 380 mil saídas hospitalares (das quais 309 mil poderiam ser cirurgias) entre 2019 e 2020 são a principal causa para a redução de 9,3% da taxa geral de ocupação hospitalar entre os dois anos;
A redução de internações hospitalares possui relação direta com a suspensão de procedimentos cirúrgicos eletivos por um período de 77 dias consecutivos (entre 26/03/2020 e 09/06/2020) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
A ocupação das UTI’s apresentou redução de 4,42% no ano de 2020 em relação a 2019. “Essa redução tem relação com a queda da produção cirúrgica com procedimentos de alta complexidade (suspensas pela ANS e por alguns decretos governamentais) que requerem retaguarda de UTI”, diz o estudo;

Houve uma discreta elevação do Tempo Médio de Permanência, com aumento de 0,6 dias – 4,6 dias em 2020 versus 4 dias em 2019. “A demanda predominante nas internações clínicas para o tratamento da patologia da Covid-19 pode ser considerada responsável pelo aumento do TMP hospitalar”, afirma-se;

Os hospitais filiados à ANAHP foram impactados financeiramente ao longo do período, com destaque para o primeiro e segundo trimestres do ano de 2020, cujas margens EBITDA foram de 8,3% e 2%, respectivamente;
Estima-se que da ótica de lucro líquido houve redução estimada na ordem de R$ 4,3 bilhões para o grupo de hospitais estudados;

O novo rol de procedimentos e os exames para diagnóstico da Covid-19 representaram receitas adicionais para os hospitais privados, mas as variações nas receitas líquidas e despesa total por paciente dia e por saída hospitalar evidenciaram que o crescimento das despesas totais acima das receitas, entre outros fatores, causou impacto substancial na redução da margem EBITDA de 12,40% em 2019 para 8,04% em 2020.

Perguntas para o futuro

Além disso, o estudo também propõe reflexões para o futuro. “Considerando que no ano de 2020 as OPS obtiveram recordes de resultado líquido em pleno ano de pandemia (18,7 bilhões de reais) e os hospitais sofreram agressivo impacto financeiro, quais medidas regulatórias podem ser adotadas para gerar contingência, sustentabilidade e compartilhamento de riscos (OPS e Rede Credenciada) em períodos de pandemia? Quais são os modelos de remuneração mais recomendados e equilibrados para períodos de pandemia?”, pergunta o acadêmico no texto.

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