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Instituto Vital Brazil reduz 30% da folha de pagamento com corte de 100 terceirizados

Publicado em 01/06/2016 • Notícias • Português

Referência na pesquisa fluminense, o Instituto Vital Brazil (IVB) sente os efeitos da grave crise financeira que atinge o estado. Desde março, a folha de pagamento foi reduzida em mais de 30%. De um total de cerca de 500 funcionários, pelo menos 100 foram demitidos, incluindo terceirizados e pesquisadores.

Uma das ações afetadas foi a triagem de pré-natal, que somente no ano passado atendeu 40 mil grávidas no estado e que, atualmente, está paralisada. O programa consistia em fazer testes em gestantes para evitar que doenças como AIDS, sífilis, hepatite D e toxoplasmose fossem transmitidas aos bebês. A gestão dos testes era feita pelo laboratório de biomarcadores, uma das empresas incubadas que funcionavam no parque tecnológico do IVB, cujo fechamento foi iminente com a crise.

ATIVIDADES ENCERRADAS

As empresas do parque desenvolviam medicamentos biotecnológicos. Também foram encerradas as atividades do Centro de Estudos e Pesquisas do Envelhecimento, que funcionava na Gávea, além do módulo científico de Tanguá, na Região Metropolitana. Este último desenvolvia atividades para que crianças com deficiência pudessem aprender a identificar animais peçonhentos.

Houve cortes ainda no núcleo de divulgação científica, responsável pela publicação de livros científicos de pesquisadores do instituto ou por parceiros.

Entre os funcionários concursados, o clima é de pessimismo e de temor de perda de conhecimento e prestígio da instituição que tem 97 anos. Os terceirizados estão sem receber salários desde abril. Muitos que foram desligados cumprem aviso prévio, mesmo com pagamento atrasado e sem receber auxílios para alimentação e transporte.

Sob nova direção há 45 dias, o IVB promete repaginar o programa de pré-natal. O diretor-presidente do instituto, Edmilson Migowski, afirma que os cortes são necessários para garantir o funcionamento.

Migowski explica que os testes feitos em gestantes já tinham sido paralisados desde que assumiu. Ele disse que o programa passa por auditoria, já que o número de exames realizados não corresponderia à quantidade informada pela empresa responsável.

Migowski garante que a tradição em pesquisas de ponta do instituto será mantida:

— A situação é muito grave. Não dá para gastar R$ 1 milhão por mês em pesquisa básica, com um parque tecnológico que fazia estudos que não necessariamente iam gerar produtos. Não somos uma universidade. O instituto tem que fazer pesquisas já com meio caminho andado. Pesquisas sobre dengue, zika e chicungunha — afirma Migowski, que encabeça um estudo no IVB para o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico para tratar infecções causadas por zika.

Sobre o fechamento do módulo científico de Tanguá, o diretor do IVB afirma que o momento é de priorizar o que é essencial:

— Daqui a pouco, se uma dessas crianças deficientes do projeto for picada por uma cobra, pode não haver soro antiofídico. Acho isso muito bonito, mas custava R$ 70 mil por mês.

RISCO DE BLOQUEIO DE REPASSES

Migowski afirma que seu esforço é para equilibrar as contas. O IVB corre o risco de ter bloqueados recursos federais devido à inadimplência de dívidas já parceladas com a Receita Federal.
Segundo funcionários, de um orçamento de cerca de R$ 290 milhões anuais do IVB, cerca de R$ 180 milhões se referem a repasses de convênios com o Ministério da Saúde. As receitas restantes vêm de convênios com estado e de contratos com empresas. Além disso, o Tesouro estadual arca com o custo da folha de pagamento do instituto, que estaria na casa dos R$ 50 milhões.

O aperto de cinto se deve à dificuldade cada vez maior de repasses do tesouro. A nova gestão adotou um tom de mais eficiência e busca autosuficiência financeira.

O instituto também deve a fornecedores. Contas de luz, água e esgoto e empresas que oferecem mão de obra terceirizada não recebem há sete meses.

Fonte: Correio Braziliense

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