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Justiça americana indefere processo iniciado por cientista da Unicamp

Publicado em 23/08/2015 • Notícias • Português

A Justiça de Massachusetts, nos EUA, indeferiu o processo de difamação movido pelo professor da Unicamp Mario Saad contra a Associação Americana de Diabetes. Foi o mais recente capítulo na disputa, que começou no início de 2014, entre a associação e um dos mais produtivos cientistas brasileiros.

A revista “”Diabetes””, publicada pela associação, diz que há indícios de duplicação de resultados e manipulação de imagens em quatro trabalhos com Saad. A entidade publicou uma “”nota de preocupação”” –um alerta para pontos problemáticos de um artigo– mencionando as acusações.

Inocentado em duas investigações independentes feitas por pesquisadores da Unicamp e de outras universidades, Saad decidiu ir à justiça para tentar tirar do ar esse material.

Na decisão, na semana passada, o tribunal entendeu que a revista tem o direito de manifestar sua opinião sobre o assunto, e por isso o processo por difamação era improcedente. O médico ainda pode recorrer.

Após ser notificada pela revista de que “”leitores haviam indicado problemas”” nos artigos, a Unicamp conduziu uma investigação interna para avaliar o caso, que concluiu que houve de fato alguns erros (repetição não intencional de imagens), mas que esses não alteravam as conclusões dos papers.

Pouco após ser comunicada do resultado, em fevereiro de 2015, a revista não aceitou o parecer e fez um novo pedido de investigação. Paralelamente, impôs uma “”moratória”” à universidade, que ficou impedida de publicar na revista.

A Unicamp fez uma segunda investigação, agora com cientistas externos, incluindo um estrangeiro. Novamente Saad foi inocentado.

Notificada em maio sobre o novo relatório, a “”Diabetes”” não se manifestou e manteve o alerta contra Saad.

Ex-diretor da Faculdade de Ciências Médicas e candidato derrotado a reitor em 2013, Mario Saad é um dos cientistas brasileiros mais produtivos. Segundo o ranking da plataforma Google Acadêmico, é o 43º pesquisador mais citado do país, com cerca de 11 mil menções.

“”A orientação da NIH [agência americana] é de guardar o material por cinco anos. Um dos artigos é de 1997. Eu não era obrigado, mas guardei as coisas. Pude provar que não teve fraude.””

Saad reconhece, porém, erros na montagem do material. “”Eu assumo que a repetição de imagem passou por mim, assim como passou pelos três revisores e pelo editor da revista, além dos outros autores. Cada artigo tem entre 150 e 300 imagens como aquelas. Infelizmente, passou””, diz.

Os problemas aconteceram no processo conhecido como “”splicing””, de cortar e unir pedaços de um mesmo gel usado nos experimentos para compor uma imagem.

OUTROS CASOS

Além da “”Diabetes””, Saad também precisou prestar esclarecimentos sobre um artigo publicado na revista “”PLoS One””, que também tinha problema com as imagens. O periódico não invalidou o artigo, mas divulgou uma correção das imagens duplicadas.

Um outro trabalho nos “”Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia”” chegou a ser retratado por cópia de trechos. Mas, meses depois, a revista republicou o artigo, com alterações no texto.

Procurada, a Unicamp afirmou que “”a comissão reconheceu a ‘não desonestidade dos pesquisadores’, ‘não alteração do resultado fundamental das pesquisas’ e a ‘não intenção de burlar o resultado ou enganar os potenciais leitores dos artigos’.””

Fonte: Folha de S.Paulo

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