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Por uma saúde mais ética

Publicado em 02/09/2015 • Notícias • Português

O mundo corporativo tem adotado, com cada vez mais frequência, regras de conduta para guiar as atividades de seus profissionais, buscando elementos orientadores a fim de evitar práticas internas e externas não adequadas.

Na saúde, um setor fragmentado, extremamente regulamentado e complexo, algumas entidades representativas já manifestam há algum tempo preocupação com as relações do mercado, ao proporem manuais de conduta e ética empresarial. Esta iniciativa, conhecida como “”compliance””, significa agir de acordo com políticas e regulamentos previamente estabelecidos ou estar em conformidade com leis e normas externas e internas.

O debate sobre ética e corrupção tem sido mais presente no meio empresarial e na sociedade, especialmente devido ao momento político vivido no país. Este movimento também se intensificou na saúde no último ano.

Pela primeira vez observamos uma movimentação conjunta do setor privado –envolvendo prestadores de serviços de saúde, indústria de dispositivos médicos e materiais, medicamentos, pesquisa e agentes financiadores.

Entidades como a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), a Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), e a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), entre outras, têm se mobilizado no sentido de promover discussões acerca do tema, compartilhando as melhores práticas e propondo princípios orientadores para as suas instituições associadas e para o mercado, por meio de códigos de conduta e ética empresarial.

Estima-se que algo em torno de 20% de todas as despesas em saúde seja desperdiçado, a cada ano, devido à ineficiência e práticas antiéticas. Reduzir a má gestão dos recursos aumentaria significativamente a capacidade de os sistemas de saúde oferecerem mais e melhores serviços à população.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a fraude e outras formas de má conduta podem representar um custo estimado de US$ 12 bilhões a US$ 20 bilhões por ano para os sistemas de saúde no mundo inteiro.

Existem oportunidades para fazer mais e melhor sem aumentar os gastos: adotar políticas internas e investir em recursos mais inteligentes, por exemplo. Os serviços de saúde poderiam enxugar suas despesas se reduzissem os gastos supérfluos ou investissem efetivamente na melhoria e no controle da qualidade dos serviços oferecidos aos pacientes. E conseguiriam melhores custos em produtos e serviços se cumprissem os contratos.

O anseio crescente por relações comerciais e profissionais mais éticas é a chave para melhorar a eficiência e a equidade no sistema de saúde. Para isso, temos de deixar o comodismo de lado e fazer melhor uso das informações, para que as violações das práticas internas possam ser detectadas, reportadas e evitadas. A busca pela mudança de cultura deve ser pautada por princípios centrais da boa governança, que inclui a responsabilidade, a transparência, a lealdade e o respeito pelas leis.

Os atores da saúde devem adotar estratégias complementares para construir um ambiente mais saudável para o mercado e evitar que desvios de conduta se concretizem, como abordagem disciplinadora, apoiada em reformas legislativas, que promovam a integridade institucional por meio de valores e princípios morais, com o objetivo de motivar uma conduta mais ética nos funcionários.

Estamos empenhados em estimular a discussão sobre ética e conduta empresarial na saúde e a trazer o tema como uma das principais pautas do setor. É importante ressaltar que algo feito em conjunto é sempre muito maior do que o que poderíamos conseguir individualmente. A mobilização do setor é fundamental para alcançarmos resultados positivos, e o primeiro passo foi dado.

Precisamos colocar em pauta o fomento a programas de conduta ética e propor mudanças significativas, a fim de construir um novo modelo de relacionamento para o mercado com mais transparência e ética, em prol de um conjunto de ações que funcione melhor, onde todos ganharão. Afinal, o melhor cenário não é aquele no qual mais se pune, mas aquele em que menos práticas antiéticas ocorrem.

Fonte: Folha de S.Paulo / Site

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