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Proximidade entre cientistas e empresas favorece avanços

Publicado em 13/08/2015 • Notícias • Português

Inovação é vital para a indústria farmacêutica, afirmou Dante Alário, vice-presidente do conselho deliberativo do Grupo FarmaBrasil, durante seminário sobre o setor, promovido pelo Valor, em Brasília. “”Sempre se fala sobre esse tema, mas ele ainda é pouco praticado no país.”” Para combater esse gargalo, Alário e os 15 especialistas que participaram do encontro como painelistas concordam que é preciso uma maior interação entre governo, academia e iniciativa privada para tirar projetos inovadores das gavetas.

A receita defendida por atores públicos, cientistas e a indústria combina o apoio financeiro do Estado para pesquisas que atendam diretamente as demandas dos fabricantes e da sociedade. Na terça-feira, o BNDES aprovou uma linha de financiamento não reembolsável de R$ 15 milhões para a pesquisa de medicamentos usados no combate a doenças como leishmaniose, tuberculose e hanseníase.

“”Ainda falta no Brasil um centro dedicado à saúde, onde estudiosos e empresas se reúnam para formar um ambiente voltado às novas descobertas””, diz Alário. Em outros países, como os EUA, “”clusters”” biotecnológicos já estão produzindo inovações há muito tempo.

Cristina Caldas, pesquisadora visitante do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e presidente da SciBr Foundation, organização dedicada à cooperação científica entre EUA e Brasil, explica que a região das cidades de Boston e Cambridge, no Estado de Massachusetts, conseguiu atrair infraestrutura para pesquisa, além de startups, capital intelectual e financeiro. A área é considerada a maior concentração de instituições acadêmicas do mundo, como Harvard e o próprio MIT. “”No Estado, são 122 universidades e faculdades, além de 600 empresas de biotecnologia e de ciências da vida que empregam 60 mil pessoas e movimentam mais de US$ 7 bilhões ao ano””, diz a bióloga brasiliense, há 15 anos no exterior.

Para se ter uma ideia, há 1,2 mil novos fármacos em desenvolvimento no Estado, 13% do total em produção no país. “”A proximidade entre cientistas e organizações favoreceu esse cenário. Há vários pesquisadores brasileiros lá, que podem ser aproveitados pela indústria brasileira.””

O oncologista Carlos Gil, coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC), afirma que, além de mais apoio de pessoal especializado, as alianças do governo com entes privados devem ser estimuladas para o desenvolvimento de novos remédios. “”O Instituto Nacional do Câncer, no Rio, mantém uma unidade para a criação de medicamentos contra a doença, fruto de parceria com as indústrias farmacêuticas Novartis e Libbs.”” Mas, segundo ele, os esforços para a pesquisa brasileira em oncologia ainda titubeiam. “”Há pouco apetite da indústria para arriscar nesse setor.””

Para Henrique Frizzo, sócio do escritório Trench, Rossi e Watanabe, e especialista em direito regulatório da indústria farmacêutica, o país deve oferecer mais segurança jurídica nos acordos do segmento para fomentar a atração de investidores. “”As empresas que querem receber recursos precisam estar atentas às formalidades dos contratos””, diz o advogado, que representa multinacionais e fundos de investimentos. “”A contratação de consultorias pode ajudar a tornar um produto ou uma pesquisa comercialmente interessante para o mercado. É o que chamamos de ‘embelezamento da noiva'””.

Pedro Palmeira, chefe do departamento de produtos de saúde do BNDES, afirma que a cadeia farmacêutica não vai acordar inovadora, do dia para a noite. “”O Estado é um elemento ativo nessa trajetória, não apenas oferecendo um cheque, mas construindo uma estratégia para a indústria.””

Fonte: Valor Econômico

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