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Quatro mitos da gestão da saúde

Publicado em 19/11/2015 • Notícias • Português

O desempenho do setor de saúde é péssimo. Embora seja a área com os maiores gastos públicos, o resultado não é o desejado.O orçamento governamental de saúde nos vários níveis envolve trilhões de reais para gerar cada vez mais um baixo nível de serviços, tanto em termos de quantidade como de qualidade. Os tempos de espera por alguns serviços são excessivamente longos. A cobertura é reduzida. A qualidade não é a desejada em muitos casos.

Por outro lado, os planos de saúde privados são caros e há constantes disputas legais com clientes e com o órgão governamental de controle. Custa cada vez mais caro para oferecer um serviço cada vez mais restrito e de má qualidade. Porém, existem algumas iniciativas e alternativas para superar esse baixo desempenho e resolver os problemas do setor. Alguns desses esforços já foram realizados por empresas industriais há décadas, com resultados aquém do esperado.

Algumas dessas orientações existentes para superar os problemas atuais e melhorar o desempenho do setor acabam por não oferecer os resultados superiores esperados. Vamos abordar aqui quatro desses mitos, ou seja, crenças comuns de alternativas de melhorias que, na verdade, melhoraram pouquíssimo.

Mito 1: Precisamos de mais recursos
Políticos e governantes em Brasília e em governos estaduais e municipais parecem adorar essa ideia. Vira e mexe, querem aumentar impostos para garantir mais recursos para a saúde, com o apoio de muitos órgãos do setor.

Embora haja discrepâncias sobre os dados quanto ao gasto per capita no Brasil, mais recursos com certeza não resolverão por si só o problema. Basta uma caminhada por hospitais e clínicas ou acessar as frequentes reportagens da imprensa para perceber a quantidade enorme de desperdícios no setor. Não se reconhece que há um problema sério de gestão. Com a continuação das práticas atuais, ter mais recursos apenas não resolverá o baixo desempenho do sistema.

Mito 2: Expansão dos programas de acreditação vão resolver todos os problemas
Vêm se popularizando no Brasil programas de acreditação nos hospitais, semelhantes aos programas que já foram feitos na indústria, como os programas ISO, por exemplo. Destinados a garantir qualidade e segurança dos pacientes, geralmente trazem quantidades enormes de burocracia adicional, agregam mais custos e não necessariamente trazem melhores resultados.

Tais iniciativas frequentemente surgem como desdobramentos de programas de qualidade que não conseguem permear adequadamente o dia a dia nos hospitais. Passam a coexistir duas realidades distintas: uma que está descrita nos manuais e procedimentos escritos (como as coisas deveriam ser) e outra que se observa na prática (como as coisas realmente são).

Mito 3: Inovações tecnológicas são grandes esperanças
Assim como na indústria, busca-se máquinas e equipamentos cada vez mais rápidos modernos e sistemas de TI mais e mais avançados, abrangentes e caros, cujos benefícios são limitados, conforme a utilização em outros setores tem mostrado. Em muitos casos, novas tecnologias são fundamentais e podem ajudar os clientes em tratamentos específicos, mas sabemos que a inovação em processos de gestão pode ser tão ou mais poderosa do que “saltos tecnológicos” isolados.

Melhorias no sistema de informações podem ser úteis, desde que os processos sejam definidos e simplificados, assim como os sistemas de gestão melhorados para poder possibilitar o efetivo benefício desses novos sistemas.

Mito 4: Saúde precisa aplicar a “administração moderna”
O setor de saúde em geral é administrado com base em princípios gerenciais antiquados. Portanto, parece óbvio se imaginar que incorporar os princípios da “administração moderna” seja a solução. Esse tipo de orientação tem crescido, principalmente diante do fato de que cada vez mais empresas do setor financeiro penetram fortemente no setor. Há uma tendência para a gestão por números, e não por processos, e nem sempre com a ênfase adequada no valor percebido e entregue ao paciente.

Aquilo que se considera “administração moderna” é, na verdade, algo bastante antigo e até ultrapassado, cujas limitações estão cada vez mais claras. Esses quatro mitos parecem estar presentes, em diferentes graus, como possíveis ideias a serem implementadas. Faz parte da maneira tradicional de pensar. Com eles, faremos muita coisa fácil e cara que não terá tantos resultados, até que façamos as coisas mais simples e relevantes – como mudar as práticas do cotidiano, o sistema de gestão, o estilo de liderança e a maneira de pensar. Isso, porém, é algo difícil de fazer.

A gestão lean tem se mostrado superior quando utilizada em empresas de todas as áreas e tamanhos. Parte de premissas e fundamentos profundamente diferentes. Em essência, trata-se de criar um sistema de gestão e de lideranças que focalizem os esforços naquilo que realmente importa: o valor para os clientes.

Uma descrição desse sistema está em um livro recém-lançado, intitulado “Além dos heróis”, de Kim Barnas. A autora será uma das palestrantes chave do “Lean Summit Saúde”, dia 3 de dezembro, em São Paulo.

Esperamos que os hospitais entrem direto no sistema de gestão lean, sem passar necessariamente pelos equívocos da administração “moderna”, que muitas grandes empresas estão abandonando em busca da gestão enxuta. Esperamos que elas usem inovações para agregar valor. Que melhorem a qualidade e a segurança como parte do sistema de gestão e do gerenciamento diário e não como mais um “programa”.

Isso significa que não são necessários mais recursos ao sistema. O melhor aproveitamento dos recursos atuais trará grandes benefícios a todos: clientes, colaboradores e interessados no sistema de saúde.

Fonte: Época Negócios Online

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