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Saúde dos idosos terá impacto crescente no Orçamento

Publicado em 03/11/2015 • Notícias • Português

A crise política e econômica mergulhou o país na compreensível ânsia por soluções rápidas para problemas urgentes. É preciso recuperar o mais rapidamente possível um mínimo de governabilidade e estancar a recessão que castiga os brasileiros. Tais objetivos imediatos, no entanto, não tiram da pauta a necessidade de planejamento de longo prazo para evitar estrago ainda maior nas contas públicas — que estão no cerne do drama atual — e novos sacrifícios à população. Enquadra-se nesse caso o impacto do envelhecimento da população no sistema público de saúde, que vai exigir do Estado gastos crescentes com geriatras, cuidadores, novos leitos e outras medidas.
Em artigo publicado no GLOBO, o professor da UFMG Cássio Turra, presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, alerta para a urgência de uma agenda além das questões previdenciárias, incluindo a transição demográfica em diversos pontos: “Entre eles, estão: o crescimento dos gastos com os sistemas de saúde pública e complementar; a demanda crescente por cuidados de longa duração.”
É preciso coragem para enfrentar a questão desde agora — o caminho é longo —, avançando na reforma da Previdência e no ajuste das contas públicas, assunto no qual políticos populistas preferem não tocar.
Não se pode mais admitir, por exemplo, aposentadorias de pessoas de pouco mais de 50 anos, em plena condição de trabalhar, podendo ficar na inatividade por mais de duas ou três décadas. É um peso que o Orçamento não suporta.
Segundo Turra, considerando-se apenas o crescimento populacional e as mudanças na estrutura etária, chegaríamos a 2050 com aumento de despesas com a saúde pública de 53,6% e, de receitas, de 34,7%, em relação a 2011. O gasto subiria de 3,8% para 5,5% do PIB. Ele ressalva, no entanto, que considera apenas os efeitos demográficos. Do lado da receita, o crescimento pode ser mais rápido, amenizando o problema, se ocorrerem ganhos reais de renda na economia.
Do lado das despesas, elas também poderão crescer menos ou mais, em função de mudanças na saúde da população, tecnologia, inflação médica e longevidade.
De qualquer forma, a tendência de envelhecimento da população é inexorável, assim como os gastos que ela vai exigir. E o país não pode se dar ao luxo de ficar passivo.
Para isso, no entanto, são necessários políticos com olhar além da próxima eleição e governantes com visão de estadista — algo quase impossível num momento em que a luta política se pauta pela sobrevivência no cargo e são incertas as alternativas para sair da crise. Certo apenas é que a conta salgada dos gastos com a saúde dos idosos virá, podendo alimentar crises ainda mais graves que a atual. Planejar, portanto, é essencial.

Fonte: O Globo

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