Bolsa pede à Dasa que ajuste laudo para OPA
Publicado em 20/07/2015 • Notícias • Português
A BM&FBovespa encaminhou um ofício para a Dasa, a maior empresa de medicina diagnóstica do país. O documento lista 26 exigências a respeito do laudo de avaliação da Dasa, elaborado pelo banco Itaú BBA, e que foi utilizado para levar adiante a oferta pública de aquisição de ações (OPA) lançada pelo controlador, Edson Bueno, para retirar a empresa do Novo Mercado. A Dasa tem até 3 de agosto para responder.
No ofício encaminhado à Dasa, Flavia Mouta, diretora de regulação de emissores da BM&FBovespa, pede ao banco avaliador e à empresa ajustes no documento, citando o que está estabelecido no regulamento do Novo Mercado, mas também questionando e pedindo esclarecimentos sobre algumas premissas adotadas pelo Itaú BBA.
Essa é a primeira vez que um controlador lança uma oferta apenas para retirar uma companhia do principal segmento de governança da bolsa.
A iniciativa gerou protestos de um dos principais acionistas da Dasa, a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, que manifestou seu descontentamento com a facilidade das empresas em sair do Novo Mercado, uma vez que, para tanto, basta a realização da OPA.
A Petros questionou também o que considerou como uma atitude passiva da BM&FBovespa em relação à decisão do controlador da Dasa.
A BM&FBovespa ressaltou que a forma de saída do Novo Mercado está descrita no contrato, que está sendo respeitado pela bolsa.
O ofício da bolsa pede que sejam incluídos dados que corroborem algumas das informações. Entre elas, quer um gráfico que ilustre que “”em 2023 é esperado que a população idosa brasileira corresponda a 17% da população total”” e um dado quantitativo que corrobore a afirmativa que “”em 2014, o tamanho do mercado foi de aproximadamente R$ 22 bilhões, apresentando forte crescimento””.
A bolsa também pede que o Itaú BBA justifique a utilização de várias premissas. Entre elas a taxa de crescimento na perpetuidade de 5% em linha com a inflação projetada e correspondente a uma taxa de crescimento real aproximadamente nula, em contraponto ao alto crescimento estimado do setor e bom posicionamento da companhia no mesmo.
A bolsa também quer esclarecimentos sobre a abertura de 65 unidades pequenas previstas para 2015 que, a priori, diz o ofício, não condiz com o verificado na projeção do número de unidades ambulatoriais informada no laudo. Também pede que o Itaú BBA justifique a utilização do retorno médio histórico das companhias que fizeram parte do S&P de 1926 a 2013 para o cálculo do prêmio de risco de mercado, “”sendo que se trata de período muito extenso e que pode não refletir as condições de mercado””, diz o texto.
A bolsa deu prazo até 3 de agosto para que as exigências sejam atendidas. Procurada, informou que o ofício é parte da rotina de análise de laudos de avaliação e as exigências formuladas são de aprimoramento do texto do laudo.
A Petros avaliou que, dado o nível de detalhamento, as exigências da Bovespa referentes ao laudo da Dasa são extremamente relevantes. A fundação disse entender a atitude da bolsa como uma evidência do seu empenho em estabelecer um processo de aperfeiçoamento do Novo Mercado.
Fonte: Valor Econômico