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Ministro da Saúde admite falha no combate ao ‘Aedes’

Publicado em 10/12/2015 • Notícias • Português

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu ontem que o Brasil “contemporizou” o combate ao mosquito Aedes aegypti “ao longo dos anos”.
Em evento em São Paulo, ele anunciou ainda que o governo federal, diante da alta dos casos de microcefalia associada ao zika vírus, vai distribuir repelentes para todas as gestantes do País –já são 1.761 registros de nascimentos de bebês com a má-formação e 19 mortes em 14 unidades da federação neste ano.
“Houve certa contemporização ao longo dos anos com o mosquito da dengue, e não podemos contemporizar com o mosquito, pois ele mata”, afirmou Castro durante encontro com integrantes do Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
Ele afirmou que faltou, de diferentes entes federativos, a iniciativa de fazer campanhas também fora de períodos de surtos – o mosquito transmite a dengue, o zika e a chikungunya.
Embora tenha admitido falha no combate ao mosquito, o ministro negou que o governo federal tenha demorado a perceber a gravidade do zika vírus. “A zika era tida como uma dengue branda, os sintomas eram mais atenuados. Infelizmente, sete meses depois, veio essa notícia terrível da microcefalia. É a primeira vez que está acontecendo na história da humanidade.
Não tomamos as providências mais cedo porque não tinha nenhum lugar no mundo em que a gente pudesse ler e dizer: ‘Cuidado com esse vírus zika’”, afirmou Castro.
O ministro informou que a decisão de distribuir repelentes para as gestantes foi tomada anteontem durante reunião com governadores. Segundo Castro, a produção para oferta na rede pública será de responsabilidade do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército. “O Ministério da Saúde vai adquirir.
Estamos em contato com o laboratório do Exército, porque ele já fabrica normalmente esses repelentes para as suas tropas, e vamos estabelecer uma parceria para produzir repelente em volume suficiente para atender as grávidas”, afirmou Castro. Por ano, o Brasil tem, em média, 2,9 milhões de nascimentos.
Castro não informou quando a distribuição será iniciada e o Exército não confirma a parceria.
Em nota, o Comando Militar do Leste, ao qual o laboratório é subordinado, disse que “não há previsão de fabricação ou distribuição de repelente do Exército Brasileiro para o Sistema Único de Saúde”.
Resistência. A distribuição de repelentes já era cogitada pelo governo federal há algumas semanas,masenfrentavaresistência de técnicos do ministério.
Para críticos da proposta, a medida poderia enfraquecer a principal mensagem do governo: combater os criadouros.
“O ideal é continuar reforçando questão do combate aos focos do mosquito, mas, diante da situação de emergência por causa da microcefalia, acho que podemos somar as duas medidas”, avaliou Celso Granato, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para o especialista, após cerca de 30 anos de disseminação do mosquito, fica claro que os órgãos governamentais falharam na estratégia de combate.
“Parece que, ao longo dos últimos anos, as pessoas foram se acostumando com a dengue.
Não sei se foi culpa do governo federal, dos Estados ou dos municípios, mas não combatemos o mosquito como deveríamos e agora temos uma tragédia. Só que também é uma tragédia morrerem quase mil pessoas por dengue no ano”, afirmou.
São Paulo. A estratégia de combater os criadouros em São Paulo será reforçada, segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), com a renovação por mais seis meses do contrato de 460 funcionários da Superintendência do Centro de Controle de Endemias (Sucen), cujo vínculo com o Estado foi encerrado no início deste mês.
A Secretaria Estadual da Saúde já teria recebido parecer favorável da Controladoria-Geral do Estado (CGE), permitindo renovar o vínculo. “Serão os mesmos funcionários. Nós conseguimos parecer dando uma excepcionalidade em razão da questão da dengue”,afirmou Alckmin.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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