Robótica contribui para a redução das desigualdades e melhoraria no atendimento oncológico

Publicado em 18/12/2024 • Notícias • Português
É um consenso que a cirurgia robótica, por se tratar de uma tecnologia de ponta, tem revolucionado os procedimentos cirúrgicos em várias especialidades médicas, oferecendo consideráveis benefícios ao paciente, como maior precisão, menor tempo de recuperação e redução de complicações.
No entanto, no Brasil, sua incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda enfrenta desafios significativos, pois, ao mesmo tempo, em que a cirurgia robótica tem o potencial de modernizar a saúde pública brasileira, colocando o país em uma posição de destaque na medicina de alta tecnologia, para que essa integração seja viável e sustentável, é necessário criar políticas públicas que se reduzam custos por meio de parcerias público-privadas. Além disso, faz-se necessária formação de profissionais em diversas regiões do país, que se estabeleçam critérios claros para a adoção da tecnologia, priorizando as áreas onde ela trará maior impacto para a saúde pública.
Recentemente, a ABIMED participou da FISWeek 2024, considerado um dos principais eventos de inovação, empreendedorismo e tendências da saúde da América Latina, onde conduziu o debate “Robótica Aplicada à Saúde”, em que os especialistas discutiram os avanços, desafios e benefícios da incorporação da cirurgia robótica no Brasil.
Anderson Fernandes, Gerente de Acesso ao Mercado na Strattner, que esteve na moderação desse evento, pontua que os investimentos em saúde representam aproximadamente 10% do nosso PIB, que soma quase R$ 1 trilhão, porém apenas 4% desse valor é destinado ao SUS. ‘Temos um gasto médio per capita de aproximadamente R$ 2 mil, enquanto, fazendo um paralelo, nos EUA, o gasto aproximado é de 18% do PIB americano, o que equivale a mais de R$ 20 trilhões e gasto médio per capita de cerca de R$ 70 mil, e ainda assim saúde lá não existe saúde universal, ou seja, não existe nada comparado ao que temos como o SUS aqui”, pondera. “Hoje, temos 135 robôs instalados no Brasil, sendo 30 em estabelecimentos que atendem pacientes do SUS. É um avanço, especialmente por esses 135 robôs estarem distribuídos nas 5 regiões do país”, enfatizou Fernandes.
Já para Silvio Garcia, Gerente de Relações Institucionais e Governamentais de São Paulo da entidade, é preciso se acrescentar à análise de custo-efetividade uma avaliação multicritérios que envolvem outros fatores relevantes para a incorporação da cirurgia robótica no SUS”. “Esse tipo de planejamento avançado no setor público pode facilitar a adoção de tecnologias inovadoras que salvam vidas e melhoram a eficiência do sistema de saúde, e é um caminho possível, mas que exige investimentos estratégicos, comprometimento com a formação de profissionais e uma visão voltada para o futuro para democratizar o acesso, especialmente à saúde de qualidade”.
Ao superar esses desafios, o Brasil poderá proporcionar tratamentos mais avançados e acessíveis para sua população, consolidando o SUS como um sistema de referência em inovação e eficiência. E mais: a democratização da cirurgia robótica no SUS traz um impacto positivo, pois representa mais do que um avanço técnico; ela simboliza um compromisso com a inovação inclusiva.
A expansão do uso de robôs cirúrgicos no SUS deve impulsionar a capacitação de profissionais de saúde e estimular parcerias público-privadas no setor de tecnologia médica. Ao mesmo tempo, essa evolução prepara o Brasil para liderar o futuro da medicina em escala global, transformando o país em um polo de inovação acessível e sustentável na área da saúde.