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Hospitais de Campo Grande funcionam sem respiradores

Publicado em 21/07/2016 • Notícias • Português

O Jornal Nacional traz um relato da crise nas UTIs dos maiores hospitais de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul.
Indignação.
“Estava até no Ministério Público para ver se conseguia para pôr ele na UTI, só que não deu tempo, morreu”, afirma Daniela Barbosa Rosa, neta de Atílio de Arruda.
O avô de Daniela, Atílio de Arruda, tinha 63 anos. No domingo (17) deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento. Foi transferido para o hospital regional, em Campo Grande. Ficou seis horas numa maca sendo ventilado manualmente, como mostram as imagens gravadas pelo filho.
“Ele estava todo monitorado lá na UPA. A médica que pegou do Samu, que pegou meu pai, tinha plena consciência que o médico daqui informou falando que não tinha respirador mecânico aqui”, diz Atílio de Arruda, filho de Atílio.
O aviso está no boletim de atendimento: o Samu encaminhou o paciente à revelia, sabendo que não tinha vaga. Uma situação que se repete nos três maiores hospitais de Campo Grande.
A vida bombeada com as mãos. Nesta quarta-feira (20), na emergência da Santa Casa, o maior hospital de Mato Grosso do Sul, tem 14 pessoas, o dobro da capacidade. Todos esperam vagas em UTIs. Dois estão recebendo ar por ventilação manual. O Ministério Público Estadual fez um levantamento: faltam 81 leitos de UTI nos hospitais para atender a população da cidade.
“Esse sobrecarregamento nos hospitais só acontece porque a rede não funciona da forma que ela deveria. É preciso que a população chegue numa unidade de saúde e seja bem atendida”, afirma a promotora de Justiça Paula Volpe.
A situação é tão grave que, na semana passada, num único dia, nove pessoas receberam o oxigênio manualmente na Santa Casa.
“Isso aqui é desumano, tanto para nós funcionários como para o próprio paciente que necessita de uma saúde adequada”, reclama a auxiliar de enfermagem Zuma Ribeiro.
E a falta de leitos em UTIS é problema crônico no Brasil. São 40 mil leitos de UTI no país – metade nos hospitais públicos que atendem à população brasileira. E 77% municípios não têm esses leitos.
O coordenador de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina alerta as consequências da falta de ventiladores mecânicos das UTIs.
“A cada minuto que passa ventilado manualmente diminui a chance de sobrevivência desses pacientes, pacientes que têm grande chance de sobreviver”, destaca Alberto Cubel.
A Santa Casa afirmou que não há espaço nem tubulação de oxigênio pra instalar novos respiradores na emergência e que a direção do hospital relata diariamente o problema da lotação ao Ministério Público Estadual e ao gestor do SUS.
A prefeitura de Campo Grande declarou que apresentou um projeto ao Ministério da Saúde pra instalar 65 leitos de semi-intensivo e intensivo – mas não há previsão de liberação do dinheiro. A prefeitura afirma que nem sempre se pode contar com a rede particular, que também está com superlotação.
O governo de Mato Grosso do Sul afirmou que disponibilizou dez leitos de UTI ao hospital regional e que vai disponibilizar mais 40 para três hospitais. A Santa Casa é um deles.
O Ministério da Saúde afirmou que, entre 2010 e 2015, houve um aumento de 25% nos leitos de UTI, e que se esforça para aumentar a oferta do SUS, junto com estados e municípios.

Fonte: G1 – Jornal Nacional

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