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Aplicativos da área de saúde podem fazer mal ao tratamento do paciente, alerta engenheiro

Publicado em 30/08/2015 • Notícias • Português

Os aplicativos desenvolvidos para a área de saúde têm mais chance de fazer mal do que bem aos pacientes. O alerta é do engenheiro Enrico Caiani, do Departamento de Eletrônica, Informação e Bioengenharia da Universidade Politécnica de Milão. Segundo ele, dos mais de 40 mil aplicativos relacionados à saúde disponíveis nos Estados Unidos, somente 0,5% são aprovados por algum instituição/órgão oficial da área, o que enfraquece a garantia de resultados ou mesmo de qualquer benefício ao paciente.

Pós-doutor em Engenharia Biomédica e Saúde eletrônica (eHealth), Caiani também é vice-presidente de e-Cardiologia da ESC e fez a palestra Batimentos cardícos e pressão arterial por tecnologias móveis no ESC 2015, em Londres. O problema, para ele, é que não há como confiar nos resultados de aplicativos não validados, além do risco de segurança de dados e potencial fraude.

“Os números podem ser simplesmente randômicos. E são coisas que podem levar o paciente a mudar ele mesmo sua medicação ou tratamento”, afirma. Um dos exemplos que ele usa é o aplicativo que usa a tela touchscreen para, através do reflexo da luz para medir o pulso do usuário. Fatores como a luz do ambiente, o suor do dedo e a falta de acurácia prejudicam os resultados. “Os consumidores têm uma forte tendência a fazer o download e favoritar aplicativos que afirmam medir a pressão arterial, apesar da falta de validação deles”, reclama.Ele não é contra o uso, defendendo que os aplicativos podem ser acessórios importantes no tratamento, especialmente quando aliados com outros dispositivos, permitindo ao paciente acompanhar seus parâmetros básicos e enviar dados e dúvidas para seus médicos. “Mas tudo isso se for certificado”. O professor diz que o recurso pode, ainda, ajudar na motivação do paciente.

“A tecnologia Mobile Health (mHealth, ou Saúde Móvel) oferece novas oportunidades e pode ser um caminho para apoiar a autogestão do comportamento”, pontuou Caiani em sua apresentação, na qual mostrou um estudo da Associação Norte-Americana do Coração que mostra como o automonitoramento com equipamentos adequados ajuda a prevenir doenças cardiovasculares. Outro exemplo que ele dá é a evolução dos wearables (dispositivos móveis “vestíveis”), como o Apple Watch. “Se certificados, podem representar uma ferramenta fácil de usar, mas sem isso, há um potencial de mau uso enorme”.Caiani sabe que a solução para isso, um procedimento prático de validação, é difícil. Afinal, a pesquisa para certificação pode levar anos, tempo o suficiente para uma tecnologia ficar obsoleta. E é um processo que leva tempo e dinheiro, algo que a maioria das instituições não dispõe. “Além disso, muita regulação vai matar a inovação”, admite.

TIME
Diferentemente de quando os aparelhos digitais começaram a ser usados na medicina, os dispositivos móveis são largamente utilizados pela população, que ansei por mais praticidade no cuidado com a saúde. Uma pesquisa conduzida pela Telcare aponta que 65% dos americanos querem que seus médicos incorporem a tecnologia em suas recomendações e 71% dizem usá-la para acompanhar as próprias metas em relação à saúde.

Para Caiani, diante dessa realidade, a saída é que médicos e pacientes trabalhem como um time, para que a pessoa possa usar ferramentas em que o profissional de saúde confia e que possam, de fato, ajudar no tratamento. “É preciso mudar essa mentalidade unilateral de todo o conhecimento vir do médico”, dispara o engenheiro, que acredita que a nova geração desses profissionais será mais receptiva a essa parceria.

Você usa algum aplicativo para se manter saudável? O que acha da posição do doutor Caiani? Conta pra gente. E, só lembrando: cobriremos o ESC 2015 até esta terça-feira (1º/09), a convite da Amgen. Se você estiver por aqui, manda um email para emidiafelipe@gmail.com para batermos um papo. Até mais!

Fonte: Blog Ne10

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