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Em crise, RS corta R$ 500 milhões no orçamento de Saúde e afeta hospitais

Publicado em 19/07/2015 • Notícias • Português

Kaio de Souza Marques, 8, só conseguiu um leito na UTI depois que seu pai, Marco Antônio Marques, 34, se acorrentou em frente ao único hospital da cidade de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre (RS).

O menino, que tem paralisia, sofreu uma crise respiratória. Ficou 18 dias em uma sala de emergência, onde piorou, emagrecendo 10 quilos.

A direção do hospital confirma que não havia leito disponível, mas diz que prestou o atendimento necessário. Agora, o menino está no Hospital Universitário, em Canoas, cidade próxima.

Os dois hospitais estão entre as centenas de estabelecimentos afetados pelos cortes no orçamento da saúde durante a gestão do governador José Ivo Sartori (PMDB).

Com a crise enfrentada pelo Estado, foram cortados do setor R$ 500 milhões –o equivalente a 16% das despesas previstas para o ano.

Obrigado por ordens da Justiça a não atrasar o pagamento dos servidores públicos, o governo vem priorizando os salários e atrasando repasses para diversas áreas.

Na saúde, R$ 300 milhões deixaram de ir a hospitais filantrópicos e Santas Casas, que representam 80% dos hospitais gaúchos.

Como alternativa, o governo quer que as entidades busquem um empréstimo de R$ 450 milhões no Banrisul, o banco do Estado.A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado estima que, com os cortes, serão realizados 2 milhões de exames a menos até o fim do ano nos 245 hospitais ligados à entidade.

Além de reduzir atendimentos, os hospitais estão demitindo e até fechando, como ocorreu com o Nossa Senhora do Livramento, no município de Guaíba, e com o Hospital Passo do Sobrado, na cidade de mesmo nome.

Prefeitos foram à Justiça para exigir os repasses. Uma ação coletiva dos municípios foi negada, mas as prefeituras de Porto Alegre e de Canoas conseguiram decisões que obrigam os pagamentos.

“”A saída que o governo propôs para compensar o que deve foi nos endividarmos mais. A saúde não poderia ter tido cortes””, diz Francisco Ferrer, presidente da Federação das Santas Casas.

O Sindicato dos Médicos afirma que é a “”pior crise”” da saúde na história do Estado. “”Chegou a um ponto insustentável, com risco de morte de pacientes””, diz o presidente do sindicato, Paulo Argollo Mendes.

OUTRO LADO

A Secretaria da Saúde informou que pagará ainda nesta semana R$ 148,4 milhões referentes a junho a hospitais filantrópicos, públicos e Santas Casas que prestam serviços ao SUS.

A pasta não deu mais esclarecimentos e o secretário João Gabbardo dos Reis não atendeu ao pedido de entrevista. A Secretaria da Fazenda, que coordena os cortes, também não respondeu.

Desde o início do ano, o governador e os secretários afirmam que assumiram o Estado com um deficit de R$ 5,4 bilhões para 2015 e que foram obrigados a reduzir despesas.

O secretário da Fazenda da gestão anterior, de Tarso Genro (PT), Odir Tonollier, afirma que há exagero e que a cifra de R$ 5,4 bilhões é um “”número político””.

Fonte: Folha de S.Paulo / Site

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