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Gestantes chinesas fazem SUS ‘falar’ mandarim em SP

Publicado em 22/08/2015 • Notícias • Português

“”H? shui! H? shui!””, repete a enfermeira Patrícia Pinheiro às gestantes que passam pelo pré-natal na UBS (Unidade Básica de Saúde) da Sé, nos arredores da avenida do Estado, no centro de SP.

A recomendação para que as grávidas bebam água é feita assim mesmo, em mandarim, a um contingente cada vez maior de chinesas que chegam ao local.

Segundo dois médicos, duas enfermeiras e uma tradutora ouvidos pela Folha, as imigrantes relatam a expectativa de, com um filho brasileiro, garantirem a permanência no país –a lei veta a expulsão de pais de crianças nascidas em território nacional.

“”Assim como muitos brasileiros buscam ter filhos em outros países, o mesmo ocorre com estrangeiros aqui. É comum””, diz Clóvis Silveira Júnior, médico e coordenador das unidades de saúde municipais no centro de SP.

Além da busca pelo visto, também contribuem para a alta no movimento de chinesas a atuação de tradutores contratados pelas pacientes e o fluxo migratório em si –atualmente são mais de 58 mil chineses legalizados no país, segundo o Ministério da Justiça, sem contar os que estão em situação irregular ou em estágio de regulação.

COMUNICAÇÃO

As grávidas chinesas também buscam consultórios particulares, mas as unidades do SUS registram o maior movimento –principalmente a UBS da Sé, aonde vão mulheres que trabalham no varejo da rua 25 de Março, e a maternidade estadual Leonor Mendes de Barros, no Belém.

Segundo Andréa Garanito, gerente da unidade municipal, cerca de 100 dos 300 pré-natais ativos na UBS são de mães chinesas –há cinco anos, havia a metade disso.

Em uma tarde de quinta-feira, a Folha encontrou, em pouco mais de uma hora no local, sete delas.

Quase todas tinham receio de falar. Uma exceção era a dona de casa Weini Zhou, 33, mãe do menino Lucas, de dez meses, que estava ali buscando ajuda para o filho com dores no ouvido.

Em chinês, traduzido por sua amiga, Weini diz que seria mais fácil se houvesse um tradutor fixo no consultório, mas que o esforço da equipe de saúde ajuda.

Para minimizar a dificuldade de comunicação, a UBS editou uma cartilha em mandarim com recomendações para o pré-natal e os cuidados após o parto –medida que também será adotada pela maternidade Leonor Mendes de Barros, segundo o diretor, Corintio Mariani Neto.

Os ideogramas explicam, por exemplo, que a amamentação reduz sangramentos comuns no pós-parto e o risco de doenças como câncer de mama, diabetes e anemia.

Segundo médicos, muitas imigrantes amamentam os filhos por pouco tempo. A lista de particularidades inclui ainda resistência a ultrassom e interrupção de relações sexuais durante a gestação (leia texto na pág. 3).

IMPROVISO

O desafio é superar as diferenças culturais sem falar a mesma língua. Nessas horas, se a cartilha não dá conta, os profissionais apelam a dicionários, tablets, mímicas, Google Tradutor –e, se nada funcionar, à imaginação.

“”Tem vez em que a gente até desenha uma lua para indicar que a medicação deve ser tomada à noite””, diz a enfermeira Patrícia.

Fonte: Folha de S.Paulo

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