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Pesquisas ajudam a diminuir o alto custo de próteses

Publicado em 02/09/2015 • Notícias • Português

Da máquina que parece micro-ondas sai a calota craniana que repara deformidades causadas por trauma ou doença. O “”micro-ondas”” é a impressora 3D instalada no Biofabris, laboratório de pesquisa de biomateriais para próteses ligado à Unicamp. A prótese com material biocompatível (não rejeitado pelo organismo) produzida com essa tecnologia é a promessa para baratear a fabricação de membros e tecidos artificiais.

Enquanto uma prótese craniofacial importada custa R$ 100 mil, a peça feita em titânio no laboratório em Campinas pode sair por R$ 10 mil, segundo o coordenador do Biofabris, Rubens Maciel Filho. “”Nosso ideal é que seja acessível ao SUS””, diz.

Unindo tomografia computadorizada, réplica do crânio do paciente e detalhes como ranhuras para que couro cabeludo e cabelos cresçam em cima da prótese, o laboratório consegue fazer uma peça sob medida, diz o engenheiro André Jardini, do Biofabris. Isso aumenta a rapidez e a segurança das cirurgias.

“”A prótese convencional nunca é do tamanho exato, tem que ser modelada na hora de cirurgia, e a que fazemos se encaixa perfeitamente. Além disso, usamos a réplica anatômica para planejar a cirurgia””, diz o cirurgião plástico Paulo Kaharmadian, professor da Unicamp e coordenador médico da pesquisa sobre próteses customizadas em andamento no Biofabris.

O procedimento tem riscos. “”É uma região muito próxima ao cérebro. A pessoa pode ter uma convulsão, uma infecção ou rejeitar o material implantado””, diz Kaharmadian.

Os perigos assustaram os familiares do técnico Sandro Luis da Silva, 49. A cirurgia foi feita para reparar o lado direito do rosto, afundado quando ele foi arremessado em uma explosão na tecelagem onde trabalhava, em 2010.

“”O dr. Paulo [Kaharmadian] foi curto e grosso: falou que eu poderia ficar cego, surdo””, conta o paciente, que fez a cirurgia em agosto do ano passado. “”Hoje estou aqui sem constrangimento. Antes, não conseguia olhar no espelho.””

Falhas ósseas na cabeça e no rosto são problemas comuns no Brasil: a cada dez vítimas de acidentes, quase seis têm traumas faciais e uma, lesões no crânio. Em 2013, o SUS registrou 170.805 internações por esses acidentes.

ROBÔ FISIOTERAPEUTA

Ao lado de próteses, o uso da robótica para a reabilitação anda a passos largos, com equipamentos como exoesqueletos usados para fisioterapia. O Lokomat, produzido por uma empresa sueca, é um.

O sistema combina um colete para manter a pessoa ereta, pernas robóticas encaixadas externamente no paciente, uma esteira rolante e uma tela com programa de realidade virtual. E leva para passear a pessoa que perdeu a capacidade de andar por paralisia cerebral, lesões parciais da medula ou encefálicas.

A repetição dos movimentos cria novos circuitos cerebrais que reconstroem o caminho neuronal para que a ação motora seja, aos poucos, reaprendida pelo paciente.

O Lokomat está disponível no mercado, mas custa R$ 2 milhões. “”Além de caro, o equipamento é grande e pesado, tudo limita seu uso. Mas a tendência é o desenvolvimento de modelos mais compactos””, diz o fisiatra Daniel Rubio, diretor médico da Rede de Reabilitação Lucy Montoro.

No Brasil, só a Rede e a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) têm esses robôs.

Outro equipamento robótico usado nestas duas instituições é o InMotion, para membros superiores. Desenvolvido nos EUA, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), por um brasileiro, o braço robótico inicia movimentos e ajuda a pessoa a “”jogar”” videogame programado para treinar mobilidade de mãos, punhos, braços e ombros.

“”Os braços robóticos ajudam no aprendizado motor e aumentam a precisão, a agilidade e a coordenação dos movimentos dos membros superiores””, diz o fisiatra André Tadeu Sugawara, da unidade Vila Mariana da Rede Lucy.

Fonte: Folha de S.Paulo

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