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Especial Fenasaúde: Informação empodera o consumidor

Publicado em 04/12/2015 • Notícias • Português

A informação pode e deve ser usada como agente de mudança e transformação. Esse foi o tema principal do segundo painel do 1º Fórum da Saúde Suplementar. A proposta era discutir como a informação pode ser usada para empoderar o consumidor para que ele faça melhores escolhas, conhecendo quem são os prestadores de serviços, seus custos e resultados. Nesse cenário, entra também em pauta a Tecnologia da Informação (TI) como um poderoso instrumento de gestão para as operadoras de saúde. O Health Care Cost Institute (HCCI), um instituto de pesquisa norte-americano fundado em 2011, dedicado à promoção da pesquisa e informação sobre os direcionadores de custos e utilização dos serviços de saúde e sua plataforma Guroo.com, que disponibiliza o preço de diversos procedimentos médicos para fins de comparação e escolha, foram apresentados como modelo de transparência.
?A informação sempre foi vista como o patinho feio do setor e, hoje, 17 anos depois de regulação, tem sido apresentada como a solução para vários problemas. Precisamos, entretanto, pensar que tipo de informação é relevante?, pondera Sandro Leal Alves, Gerente-Geral da FenaSaúde.
Segundo ele, a assimetria de informa ção permeia todos os espaços: está no consumidor, que desconhece sua condição de saúde, precisa do auxílio médico e, muitas vezes, tem dúvidas sobre a conduta médica. E está também nas operadoras de saúde que tampouco conhecem a real condição de saúde do usuário do sistema. ?Para cada problema de assimetria, uma nova regulação surge?, diz.
Nesse cenário, então, quais informa ções são relevantes? Na opinião de Alves, em primeiro lugar, informação sobre a qualidade dos serviços dos prestadores. ?Não seria interessante se o consumidor tivesse acesso a indicadores de qualidade sobre os médicos do seu plano de saúde? Esse tipo de dado empodera o usuário, pois permite que ela faça escolhas baseadas em dados?, explica Alves, que se refere ao HCCI, o think tank norte-americano, como uma fonte de inspiração. ?Nos Estados Unidos, como o custo entre as operadoras e usuários é compartilhado, faz todo sentido essa informação estar disponível?. O uso de big data é fundamental, na opinião de Alves, uma vez que permite o cruzamento de dados para tentar antecipar o que vai acontecer.
O uso da Troca de Informações em Saúde Suplementar (TISS), que surgiu em 2005 como padrão de troca de informações entre as operadoras e os milhares de prestadores do sistema para mapear o que acontece no Brasil, promete ser o embrião de profundas mudanças futuras. No início de dezembro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lança o aplicativo D-TISS, inspirado na plataforma Guroo.com. Os filtros por estado, faixa etária, sexo, porte da operadora e competência também poderão ser utilizados. ?O potencial de uso da base de dados da TISS é enorme. Uma regulação que estimule a transparência dos dados parece ser um importante incentivo para a mudança de comportamentos por parte dos players do setor?, acredita Alves.
?A informação não só vai ser usada para traçar um mapa dos procedimentos da saúde suplementar no Brasil, como custos médios, especificidades regionais e atributos gerais, como também será o ponto de partida para construirmos um modelo baseado em resultados em que teremos informação e qualidade atreladas. Nosso modelo, baseado no fee for service não mede resultado e tem alto custo e baixa eficiência?, afirma Martha Regina de Oliveira, Diretora da ANS.
Outro projeto em andamento é utilizar os dados da TISS para subsidiar ações de avaliação e acompanhamento das operadoras e também para compor o Registro Eletrônico de Saúde, uma ferramenta cujo objetivo é unificar toda informação assistencial de um indivíduo em um único prontuário de saúde. A ANS estuda elaborar uma resolução que prevê que cada operadora tenha em seu site um espaço para seu beneficiário. Desde setembro de 2014, as operadoras já enviam mensalmente para a ANS as informações sobre consultas, exames e internações, entre outras.
O que muda é que agora a Agência passa a receber dados com um nível de detalhamento que não existia, pois a informação até então era enviada de forma consolidada. Os novos dados, de acordo com Oliveira, permitem observar o evento realizado, o custo associado, a faixa etária, a região geográfica, os prestadores envolvidos no evento, os prazos de pagamento, entre outros indicadores.
Essas ferramentas permitem, por exemplo, indicar o grupo de indivíduos mais propenso a determinados procedimentos, abrindo espaço para ações de mudança de curso assistencial a partir do desenho de programas de prevenção de doenças. De posse dessas informações, o perfil epidemiológico das populações assistidas será melhor avaliado, e medidas mais eficientes poderão ser tomadas, possibilitando inclusive a mensuração do retorno desses programas.
?O Brasil ainda tem muito trabalho a fazer no que diz respeito a como essa informação é colhida, usada e divulgada. Estamos no começo de um processo muito importante, pois hoje não há nenhum tipo de avaliação, monitoramento e indicadores dos serviços prestados?, lamenta Oliveira.
Juliana Pereira da Silva, secretária nacional do consumidor do Ministério da Justiça, vai além. ?A melhor maneira de incentivar o consumidor a desenvolver melhores escolhas é dar total transparência primeiramente ao que ele está contratando ou contratou, criar critérios objetivos para classificar prestadores e discutir abertamente o custo-benefício do que se apresenta e, quando ele tem problemas, ser um parceiro na busca por uma solução?, acredita.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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